Um texto de fim de ano

O ano acabou, eu gostando ou não disso. 

Eu amo fins e começos, não gosto de meios. Amo fins pela sensação de tarefa cumprida e amo começos pela sensação de um recomeço límpido, tábula rasa. Os meios não me agradam, pois requerem persistência, trabalho, dedicação; os meios não me inspiram. E eu não me inspiro para trabalhar com os meios para torná-los um fim.

Tudo parece tão bem no começo e no fim, o problema começa no meio. O ano é um nó górdio e eu não sou nenhum Alexandre para o desfazer. Eu só o observo e aguardo e me decepciono enquanto as outras pessoas desfazem seus nós. O meu nó só se complica.

Este foi um ano conturbado, não fui grata com muita gente e não fui grata comigo mesma. Não fui paciente com meu próprio corpo, não dei o devido espaço à minha mente e nem a devida proteção à minha saúde. Fui uma bela duma ingrata. Desfiz compromissos em cima da hora, não compareci a eventos, decepcionei. E me decepcionei. 

Peço sinceras desculpas a todos com quem não fui honesta, comprometida. Espero, do fundo de meu coração, que eu não tenha piorado seu nó górdio deste ano, pois, agir do jeito que agi neste ano, só fez piorar o meu. 

Peço perdão a mim mesma por este ano; apesar de metade de mim dizer que eu não mereço compaixão, a outra metade clama que todos merecem uma segunda chance. Ainda estou decidindo quem irei ouvir. Mas eu espero que você, minha versão de 2019, saiba que eu não estou feliz pelo jeito que te tratei este ano. 

Eu espero que este novo começo me dê forças para desfazer até metade do meu nó górdio e ajudar outros a fazerem o mesmo. Para o próximo ano, eu desejo ser engajada, comprometida, sensível e determinada (digo isso enquanto as listas de resoluções dos anos anteriores encaram-me com desdém). Eu quero mudar e, desta vez, falo sério (como em todos os outros anos). 

Eu desejo que eu não decepcione ninguém no próximo ano. Desejo não faltar a eventos e compromissos. Desejo cuidar melhor de mim. Desejo ter resoluções mais realistas e objetivas. 

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